Meu conselheiro

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Meu Conselheiro

Meu quarto, meu universo,
onde, em silêncio, converso
com meu melhor conselheiro.
É um critico severo
e também mentor austero
o meu fiel travesseiro.

Se cometo alguma falha
cai-me à péle qual navalha
com fortes exprobações,
mas tambem leva-me a ver
as sendas a percorrer
com menores aflições.

Se grito pedindo ajuda
e não tenho quem me acuda
lá está ele me esperando
e cura minha ansiedade
falando-me, com bondade,
em um tom bem calmo e brando

Se o dia foi ruim
ele diz: – “Põe sobre mim
essa cabeça cansada” –
e com cálida ternura
faz-me esquecer a agrura
que foi a minha jornada.

Se estou enraivecido
por um desaforo ouvido
que ainda estou remoendo
ele diz, tranquilamente:
“Ora a Deus e “não esquente”
p’ra continuar vivendo”.

Se estou muito feliz,
”cuidado” – ele me diz –
“em sendo a sorte voluvel
pode que, ao romper da aurora,
venhas a ter, em má hora,
algum problema insolúvel”

E assim, meu travesseiro,
o meu fiel conselheiro,
com sábias ponderações
impede que eu dê mancadas
e me livra de enrascadas
afastando as tentações.

Meu quarto, meu universo
onde, em silêncio, converso
com meu melhor conselheiro.

Sobre o autor

Antonio Naddeo

Há 68 anos, em 1950 surgia o ator, moldado até então pelas máquinas em uma indústria de cartonagem. Aos 16 anos passa a ser moldado pelo palco, pelos scripts e por uma incansável vontade de aprender.

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Por Antonio Naddeo

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Antonio Naddeo

Há 68 anos, em 1950 surgia o ator, moldado até então pelas máquinas em uma indústria de cartonagem. Aos 16 anos passa a ser moldado pelo palco, pelos scripts e por uma incansável vontade de aprender.