Pobreza

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Vi, no Face, alguém que, sob o pseudônimo “Pobreza”, elencou uma série de exemplos demonstrativos do empobrecimento a que os brasileiros estão sendo sujeitos. O mais arrepiante é a redução dos volumes. Compra-se cada vez menos e, no caso de produtos essenciais, além de reduzirem as quantidades, as pessoas estão abrindo mão da qualidade em favor do preço. Não há como estabelecer parâmetros entre o antes e o agora porque, como bem expôs o “Pobreza”, o insidioso fenômeno se instala e progride de maneira quase imperceptível, mas o problema está aí, penetrando sorrateiramente os lares do Brasil.

A que atribuirmos esse empobrecimento?

A valorização de moedas estrangeiras, meramente especulativa em alguns casos, os constantes e abusivos aumentos preventivos, os escorchantes impostos, o achatamento salarial e, sobretudo, a corrupção voraz e com metástases em todos os setores são os fatores que explicam, mas apenas em parte, essa devastadora sensação de insegurança.

Declarações contraditórias e, por vezes, incompreensíveis de autoridades institucionais, dão-nos conta de que o que vale é a exposição na mídia e não o que se diz. Congressistas capazes de criar, em projetos de lei, adendos espúrios e altamente prejudiciais à sociedade. Juízes que, de maneira inexplicável, parecem proteger réus ou investigados interrompendo processos com pedidos de vista ou outras alegações “legais”. Grandes corporações impondo, com seu poder econômico, regras comerciais que visam aumentar ou, no mínimo, proteger seus patrimônios em detrimento da economia popular. Corporações que apesar de graves crimes são largamente favorecidas com a lentidão do judiciário e, não raro, a leniência das leis.

Analisando isso tudo vislumbramos, no curto prazo, um túnel insondável, cheio de incertezas e cujo comprimento é desconhecido porque as soluções para todos esses problemas existem, mas demandam tempo. Não é de uma noite para o dia que se expurga um congresso ou um judiciário. Não é de uma hora para outra que se muda a mentalidade de um povo, Não é fácil reconhecer e extirpar privilégios que, por leis criminosas, ditadas pela ganância, foram transformados em direitos enganosamente ditos invioláveis.

Mas foi dada a partida.

Comunicando-se por meio das redes sociais e ocupando ruas e praças com cartazes e bandeiras a sociedade, ordeira e pacificamente, mostra com clareza, que quer mudanças. Não mudanças de títulos apenas, mas mudanças profundas. O que está sendo dito, em alto e bom som, é que as instituições, face ao comportamento de seus gestores, estão em rota de colisão com a sociedade e que, ou muda o comportamento desses mandatários ou a passividade dará lugar à agressividade. Não por acaso a presidente do STF, ministra Carmem Lucia, está avisando que “é a guerra”.  Inequívocos e preocupantes sinais dessa agressividade já podem ser vistos nos aeroportos, restaurantes e onde quer que o homem do povo encontre um ou outro agente público apontado como corrupto. Por enquanto as agressões se restringem a insultos verbais e, quando muito, ao arremesso de alguns tomates ou ovos, mas… Alerta senhores, estamos muito, mas muito próximos do ponto de ruptura.

Uma última pergunta a ser analisada: A quem interessa uma guerra neste país?

Sobre o autor

Antonio Naddeo

Há 68 anos, em 1950 surgia o ator, moldado até então pelas máquinas em uma indústria de cartonagem. Aos 16 anos passa a ser moldado pelo palco, pelos scripts e por uma incansável vontade de aprender.

Por Antonio Naddeo

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Antonio Naddeo

Há 68 anos, em 1950 surgia o ator, moldado até então pelas máquinas em uma indústria de cartonagem. Aos 16 anos passa a ser moldado pelo palco, pelos scripts e por uma incansável vontade de aprender.