Vou repetir:
As poesias que escrevo têm, como pano de fundo, um acontecimento, uma fala, ou, ainda, alguma sensação forte o bastante para deixar em mim uma lembrança bem nítida, o que acaba transformando a poesia quase que em uma página de diário.
Com “Um Brinde Ao Seu Conhecimento” não foi diferente.
Minha ex-nora Sônia, é dona de invejáveis conhecimentos da língua portuguesa e, torna e vira e deixa, recorro a ela para dirimir dúvidas relativas ao vernáculo de nossos Brasis e até mesmo a estrangeirismos originários da Saxônia. Agradecido e maravilhado decidi-me por homenageá-la com o soneto que pode ser lido abaixo. E, para mais, resolvi publicar, ainda que apenas no site, essa homenagem.
Hei de vos brindar, pois, com um colóquio
em vernáculo puro e escorreito.
Algo longe de alguém como Pinóchio,
mas perto do que há dentro de um peito.
E ora o faço como humilde preito,
– sem buscar nenhum outro circunlóquio -,
ao vosso conhecer, mais que perfeito,
da língua em que vai este solilóquio.
Lembrai, porém, que este soneto parte
de um vate com muito pouca arte
e nenhum dos dons próprios dos linguistas
e aceitai, como mera poesia,
tal aquela que há muito se fazia
nos mais belos saraus renascentistas.